sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Night of the Living Dead

Mesmo que Gleen Danzig, alma negra da banda, tenha decretado o fim dos Misfits em 1983, os monstros invadiram mais uma vez o Bar Opinião, 18/05/08, numa noite de lua-cheia em Porto Alegre. A turnê da continuidade às comemorações dos controversos 30 anos dos criadores do horror punk e contava com uma formação célebre para os admiradores do Punk/HC americano. Dez Cadena (Black Flag) na guitarra, ROBO (Black Flag e Misfits original) nas baterias e o polêmico baixista original e vocalista improvisado, Jerry Only, odiado pela maioria dos fãs radicais da primeira e indiscutível melhor fase da banda.

Os mortos-vivos surgiram das trevas e foram saudados por uma multidão sedenta por letras sangrentas e instrumentais enfurecidos. Abriram com a célebre “Halloween” e mostraram que, apesar da idade e das barrigas de chope, estão em forma e com energia o suficiente para executar uma porrada atrás da outra. A primeira fase do show foi dedicada principalmente às canções da “Era Danzig”, com clássicas como “Hybrid Moments”, “Skulls”, “20 eyes” e “Hollywood Babylon”, tocadas incessantemente numa velocidade bem mais rápida que as versões de estúdio. O que se pode notar principalmente é que Only não prolonga os vocais como Danzig e Graves, fazendo as músicas que já tinham tempo curto serem reduzidas praticamente pela metade. O lado positivo é que elas soavam mais agressivas aos ouvidos do público, que até a primeira metade do show parecia comportado demais para um show de punk rock.

Também não faltaram as trilhas da fase mais “metal” da banda, dos álbuns “American Psycho” e “Famous Monsters”, com arranjos mais trabalhados e solos de guitarra. “Abominable Dr. Phibes”, "Walk Among Us", "From Hell They Came" e "Dig Up Her Bones" transbordaram fúria e fizeram surgir as tradicionais rodas mosh e stage dives no centro da pista. O show era em celebração aos Misfits, mas pode-se dizer que também era ao Black Flag. Dez Cadena assumiu os vocais para executar “Six Pack”, “Jaelous Again” e "Thirsty and Miserable", hinos eternos de uma das bandas embrionárias do American Hardcore.

Quando a platéia já sentia falta de alguns clássicos, Only canta as horrendas, no sentido óbvio quando se refere a essa banda, “Last Caress” e “138”, trazendo a mente porque a sinistra caveira retirada do filme The Crimson Ghost estava presente em quase todas as camisetas e jaquetas do recinto.

Como já era de se imaginar, a banda retira-se do palco repentinamente para depois retornarem aclamados pelos fãs, sedentos por mais horror. Os Misfits finalizam com mais uma parcela de seu repertório, destaque para “Die, Die my Darling”, e “Rise Above” do Black Flag. Para quem ainda torce o nariz para o Jerry Only, ele da show de carisma distribuindo autógrafos e interagindo com a platéia, logo depois de arrancar as cinco cordas do seu baixo. Polêmicas a parte, ninguém deveria contrariar a insistência em manter o legado do Misfits e fornecer aos admiradores uma amostra do que foi uma das mais influentes bandas do punk/HC. E quem esteve presente naquela noite, viu que os mortos continuam vivos.

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